Resenha!: Cama de gato (Kurt Vonnegut)

Ficha técnica! 

Livro: Cama de gato (Cat's cradle) 
Autor: Kurt Vonnegut 
Número de páginas: 280
Editora: Aleph 
Edição: Brochura
Sinopse da edição:"A ciência pode mudar o mundo, para o bem ou para o mal. É com isso em mente que um despretensioso escritor começa a trabalhar em um livro sobre um dia que mudou o curso da história: o bombardeio atômico no Japão. O ponto de partida da pesquisa é o próprio inventor da bomba, o falecido cientista Felix Hoenikker, mas, ao tentar descobrir mais sobre essa figura histórica, o escritor acaba se envolvendo com o legado de Hoenikker e com a família do cientista. Seu trabalho o guia então a inusitadas descobertas e reflexões sobre diversos aspectos da sociedade. Enquanto conhece novos personagens e até um desconhecido país caribenho com uma religião banida pelo governo , o protagonista passa por transformações pessoais e por reflexões sobre política, filosofia e religião. Em uma história entrelaçada pelo que o narrador acredita ser, incontestavelmente, providência divina, personagens pitorescos de diversas nações vão se encontrar. Suas interações engraçadas e perturbadoras são parte do caminho que todos eles compartilham até seu destino inexorável." (Eita sinopse grande)

Essa foi oficialmente a primeira leitura do ano de 2019! E consideravelmente rápida, eu até diria (foram só 3 dias de leitura!). E o mais interessante da minha experiência com Vonnegut é que a vontade de ler a obra surgiu (além claro, da edição com um acabamento maravilhoso da Aleph, que nunca peca nas publicações) foi uma cena em particular  de Stranger Things. 

Eu diria que essa foi uma das leituras mais surpreendentes que eu já fiz de todo o gênero sci-fi. Toda a construção da obra gira em torno da ideia dela ser um livro escrito por um dos personagens, sendo narrada de um certo ponto no futuro, começando desde quando ele tivera a ideia de escrever uma história, e desenrolando quando todos os eventos acabaram tendo uma reviravolta considerável, além de, claro, o narrador passar por uma conversão religiosa durante esses acontecimentos. A  parte de trás da capa tem um comentário que eu achei que foi a frase que mais condizeu com a obra: "Vonnegut é um verdadeiro profeta da danação". Tenho que assumir que a frase faz muito mais sentido quando concluímos a leitura. 

Acho que fazendo um resumo muito simples do que espera o leitor pode ser bem convidativo pra quem não está muito familiarizado: 

Logo de cara somos apresentados ao narrador, que cita o nome unicamente no primeiro capítulo (sem nenhuma outra citação de família ou sobrenome ao longo da obra) e nos conta que tudo que leremos pela frente é a história de como ele estava tentando escrever um livro sobre a vida do homem que deu à luz a bomba atômica, querendo mostrar (ou talvez questionar) a humanidade das mentes por trás da arma que dizimou incontáveis vidas no desalento desastroso da segunda guerra mundial. 

Até então parece um roteiro bem simples, digno inclusive de um documentário. Mas é claro que todas as personalidades citadas são apenas fictícias, e as histórias sobre a família do grande "pai" (o doutor Felix Hoenikker) são feitas para serem lidas com aquela interrogação na cara, do estilo "era pra eu estar lendo isso mesmo?". Um conjunto completamente disfuncional (Um anão, um rapaz que aparenta ter fobia social e é fascinado por miniaturas e uma moça que desistiu da vida para cuidar do pai) permeia o background das pesquisas do narrador enquanto ele segue sua busca por toda e qualquer informação que possa ajudá-lo a contar a história da vida do homem que acabou com milhares delas. Isso tudo, claro, rodeado pelos comentários e explicações acerca da crença bokononista adotada pelo habitantes de San Lorenzo (lembram da conversão religiosa que havia dito?).  

NADA NESTE LIVRO É VERDADEIRO

Eu acho que foram inúmeros os fatores que surpreenderam na leitura, além do fato de ser a minha primeira obra de Vonnegut, mas que eu não estava acostumado em livros de sci-fi. Na escrita, o humor ácido é presente o tempo todo, acho que ainda mais facilmente notado pelos comentários religiosos e as ideias do Narrador sobre o que ele pensava nos momentos que passou. A narrativa é muito pé no chão, mesmo com toda a ideia sobrenatural que começa a nos enraizar depois da conversa sobre o Gelo nove (os nomes começam a fazer sentido depois de alguns capitulos, eu prometo). E, estruturalmente, os capítulos são bem curtinhos, o que deixa a leitura bem fluída, e a linguagem usada é muito simples, tornando Cama de gato um ótimo livro pra qualquer um que queira iniciar suas leituras nas vertentes da ficção científica, narrando com um humor incômodo horrores que muitos preferem ignorar.

Nota final!
>5 limõezinhos




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