O guia definitivo do Demolidor de Frank Miller! (Parte 3)
Toda boa história infelizmente tem um final
A leitura desse post é altamente recomendada para aqueles que já leram os outros dois guias e as duas histórias, por conta dos spoilers necessários para continuar a escrita.
Então, amados leitores, parece que esse é o post que marca o fim da nossa epopeia. A saga de Frank Miller e Klaus Janson como as mentes por trás da revista do Homem Sem Medo acabam no encadernado que tratarei aqui hoje. Sei que a terceira parte acabou demorando um pouco mais que o esperado, mas eu creio que a espera pela conclusão vai ter valido à pena!
Que comecemos o fim!
Assim como no volume anterior, esse encadernado inteiro é roteirizado por Miller e desenhado por Janson. Acho que todo mundo já espera uma onda de elogios vindo dessa dupla, não é verdade? E a qualidade realmente se mantém, e, inclusive, no meio para o final, se eleva de maneira considerável. Não tenho receio nenhum de dizer que o Volume 3 do Demolidor da dupla é uma das melhores reuniões de histórias de herói do século passado. Isso, claro, falando de arcos mensais, pois assim podemos excluir sagas fechadas (como o Cavaleiro das Trevas) e outras Graphic Novels. Dessa vez, essa edição só é achada em uma publicação da panini (que você encontra aqui) que fecha o propósito das duas anteriores publicadas. A capa dessa edição é, na minha opinião, a mais bonita das três. Nem preciso dizer que o trabalho editorial é impecável, com extras maravilhosos e um papel de primeira qualidade. A compra vale totalmente a pena, mesmo se você, assim como eu, escolheu as duas primeiras da Salvat, porque as histórias aqui merecem demais uma leitura e um espaço na sua estante. Espero muito que vocês entendam o porquê!
Aqui nós já estamos em território familiar: temos um Foggy casado, um Demolidor em luto pela perda do amor da sua vida e um Matt tentando acabar com a vida de Heather Glenn para que ela se case com ele. Não se preocupem que vocês vão entender logo no início da edição. A maioria dos vilões aqui já está incapacitada de lidar com Matt, devido a algumas circunstâncias anteriores: o Mercenário está tetraplégico depois de sua queda enquanto lutava com o Demolidor no volume passado, o Gladiador abandonou sua personalidade psicótica e agora vive como vendedor em sua loja de roupas, o Doutor Octopus resolveu não aparecer de novo e o Hulk está por fora da cidade. Com isso, quem sobra para atormentar o Homem Sem Medo?
Para aqueles familiares com a série, sabemos que o antagonista da primeira metade da segunda temporada na verdade não é exatamente um vilão, mas sim um homem com algumas atitudes que fogem à linha do heroísmo que a maioria dos encapuzados prega. Isso daí surgiu exatamente dessas edições (que o primeiro encontro das duas mídias é até um pouco parecido). Enquanto buscava por um suspeito para o caso de uma morte que ocorreu em uma escola de uma aluna que havia ingerido drogas pesadas demais (aparentemente forçada a tal ato), o Demolidor acaba levando um soco e é cercado por um grupo de capangas. Só que os capangas morrem. Do nada. É aí que surge a figura do Justiceiro dentro das histórias do Demônio Vermelho. A interação entre os dois é algo muito interessante de se ver, ainda mais por conta da divergência de visões do mundo entre eles (que inclusive é muito bem explorado na série. O primeiro arco é muito bom, abrindo a edição com um bom roteiro, recheado de cenas de luta, diálogos muito bem construídos e, claro, temos aqui um ponto alto para a introdução do Justiceiro e como ele mexe com a moral de Matt. Não posso deixar de destacar também as cenas que seguem o julgamento de Porcão, o homem que aparentemente era quem cuidava das drogas, onde temos um Demolidor desacreditado e completamente decepcionado consigo mesmo (os motivos são sempre explicados na leitura haha).
Pronto. aí fechamos o primeiro arco. Após isso, temos uma edição de intermédio, onde temos uma história protagonizada por Foggy, que é muito divertida e tem uma cena muito bem desenvolvida com o Rei do Crime no meio. Não pulem essa história pra chegar na próxima. Na verdade, não pulem história nenhuma, porque todas as edições são peças de um quebra cabeça, que, juntam, formam a obra prima de Miller e Janson. E agora nós entramos de cabeça na genialidade desse escritor magrelo, porque o que vem a seguir, além de ser uma continuação mais do que digna para uma saga épica, é, por si só, uma história que funciona perfeitamente dentro do universo do Homem Sem Medo. É o final triunfal que Miller guardou para poder se despedir de seu herói, que começa com o passado do herói.
Nessa aventura narrada por Foggy, Matt novamente se expõe a um isótopo radioativo, muito parecido com o que deixou ele com os sentidos aguçados. Isso, de cara, não parece causar problema nenhum ao nosso justiceiro que vive no mundo das sombras. O que acontece é, que depois de um tempo, o isótopo parece ter afetado Murdock do mesmo jeito que o havia afetado quando ele tinha seus 15 anos de idade, e seus sentidos parecem se descontrolar. Não há como negar que isso é uma espécie de inferno para ele. Um homem cego, que usa de seus outros sentidos para se guiar basicamente começa a viver em uma cacofonia de sons e cheiros e não consegue nem ao menos lutar com um bandido de rua qualquer. Isso é uma perdição total. Destaque, inclusive, para a capa da edição que mostra muito bem o sentimento de solidão e de estar perdido que o Demônio Vermelho sente nesses momentos de crise. Isso tudo leva Matt a procurar por ajuda e caçar uma figura de seu passado que agora passa seu tempo jogando sinuca em um bar barato.
O problema, é que a busca por Stick o leva a um problema muito maior: a volta do tentáculo. Todos aqueles que tiveram a oportunidade de ler O Homem Sem Medo (referenciado na Parte 1 do guia, que você acha aqui no blog) sabem que Stick e O Casto, seu grupo, estão em uma luta espiritual enorme contra o tentáculo (que posteriormente teve o poder tomado pelo Clã Serpentária). E é aí que todo o problema começa: os ninjas do Tentáculo utilizam de um ritual para ressucitar o guerreiro Kirigi, morto na edição anterior, para poder atacar Stick e os três guerreiros que o acompanham. A sequência de lutas aqui é maravilhosa, gente, de verdade. Aquela paleta de cores que eu havia citado no post anterior volta, e tudo fica sombrio de novo. Agora o que acontece a seguir é muito interessante: Kirigi é morto pelo Casto, e assim, o Tentáculo precisa de arranjar um novo guerreiro mortal para suprir a morte de Kirigi, e quem melhor do que a mais mortal mulher treinada por Stick? Exatamente, o corpo de Elektra Natchios é buscado pelo clã, para ressucitá-la. Acho que eu não preciso dizer mais muita coisa sobre o que acontece a seguir para despertar o desejo de leitura haha. Só tenham em mente que a história que os aguarda é um absurdo de incrível. Bem escrita, incrivelmente desenhada e absurdamente intrigante, a ressurreição de Elektra desperta em Matt um lado sentimental que dói nele de uma maneira que chega a doer na gente. É um desenlace perfeito para um arco perfeito.
Agora, antes que vocês achem que acabou: tem ainda uma edição que nos aguarda para o desfecho. Lembram daquele trecho que eu coloquei na primeira edição? De um diálogo com o Mercenário? É, então. Sabemos que o Mercenário está tetraplégico e preso em uma maca num hospital. E o Demolidor vai lá brincar de roleta russa com ele. Exatamente, você não ouviu errado. Eu acho que de tudo, de tudo, essa edição reúne toda a genialidade de Miller e a essência do Demolidor de um jeito que não vimos antes. Vemos a religiosidade intrínseca no homem que é Matt Murdock. Vemos seu romance com a moral e com a ética ser questionado. Vemos ele ter sua fé no homem abalada, questionando a si mesmo e suas ações. Ali, temos um Demolidor nu e cru, expondo-se para seu maior inimigo como se tivesse tendo um diálogo mais íntimo com seu falecido pai. Leitura mais que essencial. Um cenário claustrofóbico, que combina com a situação, uma história tensa, que deixa qualquer leitor preso e as cores muito fortes: branco, amarelo e vermelho marcam toda a história, combinando completamente com o discurso forte e violento de herói. Uma leitura mais que obrigatória.
Então, gente, aqui acaba, oficialmente, nossa epopeia em torno do Demônio Vermelho, que espreita as ruas de Hell's Kitchen, buscando a verdade e a justiça.
Agora, como prometido, vou deixar minhas recomendações para leituras posteriores:
Não poderia deixar de citar A queda de Murdock, que é um marco na história do herói, escrito também por Frank Miller. Aqui o vilão da história é o Rei do Crime, que descobre a identidade do herói e basicamente acaba com a vida dele (Você acha ele aqui).
Elektra Assassina, Graphic Novel escrita por Miller, com os desenhos de Siencwikz (que são maravilhosos) e narra alguma das missões de elektra depois dos ocorridos que narrei aqui (compras aqui).
Temos Diabo da Guarda, que é uma boa referência para aqueles que querem conhecer o lado mais espiritual de Matt (pode clicar).
Terra das Sombras, de Andy Diggle, é uma boa pedida prum lado mais violento do herói (já sabe, né?).
E pra fechar: Fim dos dias. Esse é literalmente o fim de Matt Murdock, independente de quais meios a vida dele tomar, é esse o destino que o aguarda no fim de sua vida. Leitura mais que obrigatória para quem gostou das histórias até aqui (edição 1 aqui e a segunda aqui).
Elektra Assassina, Graphic Novel escrita por Miller, com os desenhos de Siencwikz (que são maravilhosos) e narra alguma das missões de elektra depois dos ocorridos que narrei aqui (compras aqui).
Temos Diabo da Guarda, que é uma boa referência para aqueles que querem conhecer o lado mais espiritual de Matt (pode clicar).
Terra das Sombras, de Andy Diggle, é uma boa pedida prum lado mais violento do herói (já sabe, né?).
E pra fechar: Fim dos dias. Esse é literalmente o fim de Matt Murdock, independente de quais meios a vida dele tomar, é esse o destino que o aguarda no fim de sua vida. Leitura mais que obrigatória para quem gostou das histórias até aqui (edição 1 aqui e a segunda aqui).
Pedro Meireles
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