Resenha!: Cartas na rua (Charles Bukowski)

Ficha técnica! 

Livro: Cartas na rua (Post Office) 
Autor: Charles Bukowski
Número de páginas: 185
Editora: L&PM pocket
Edição: Brochura
Sinopse da edição: "Pela voz de Henry Chinaski, seu alter ego, Bukowski narra suas memórias como funcionário dos Correios no início dos anos 1950"






Então, vamos à resenha! 

Cartas na rua foi a minha segunda experiência com os (seis) romances de Bukowski, sendo também minha segunda leitura de 2019! E assim como todos os seus romances, não há necessidade de gastar linhas e mais linhas descrevendo os acontecimentos da obra, pois tudo é muito preto no branco e o livro segue uma linha bem direta na narrativa dos acontecimentos. Não tenho receio de dizer que Bukowski era um gênio na arte de expor o cotidiano norte americano do século passado. 

Tendo lido apenas Hollywood, não posso escapar de usá-lo como uma obra-norte na resenha. Acho que dizer que há uma grande semelhança no estilo de construção narrativa nos dois romances não é um erro: seguimos neles a trajetória de uma fase na vida de Henry Chinaski  (o famoso alter ego do velho safado), contadas em capítulos consideravelmente curtos (os maiores costumam ter 5 páginas, no máximo) e somos apresentados a figuras que fizeram parte da vida de Buk. E o mais interessante de tudo isso é que a leitura consegue se sustentar de uma maneira surpreendentemente incrível, mesmo com um roteiro tão simples. 

Para aqueles que são familiarizados com a sua história, sabem que Charles Bukowski não foi um homem muito "correto" no que tangia sua esfera de convivência: não costumava passar muito tempo em um relacionamento (e quando passava normalmente buscava amantes em qualquer lugar que passasse, bebia bastante e era muito politicamente incorreto em muitas (quase todas haha) de suas atitudes. Isso tudo é posto dentro das 185 páginas que somos convidados a ler. Eu acho que apesar de todos os pesares, o crédito da sinceridade tem que ser dado ao Velho Buk.

"- Alguns homens são loucos - eu disse, indo em direção à porta.
- O que você quer dizer?
- Quero dizer, alguns caras são apaixonados por suas esposas"

Cartas na rua é permeado por uma atmosfera clássica da década de 50: corridas de cavalos, bares, apartamentos velhos e rotas infindáveis de entregas de correspondências. Isso, claro, sem citar os chefes insuportáveis que não aceitam atrasos de 10 minutos no cumprimento do dever para com a grande nação americana. Admito que, enquanto eu lia, me sentia como se estivesse sentado em um daqueles bares de filmes antigos (sendo sincero pensei no Josie's de Demolidor, na cozinha do inferno) com um Henry Chinaski nos seus 60 anos me contando toda a história de como ele passou 12 anos sendo um funcionário dos Correios.

Acho que os romances do Velho Buk condizem muito com o estilo de publicação da L&PM pocket: livros com capas mais simples, uma encadernação em brochura (muito bem feita) e uma edição de bolso que serve pra você levar pra qualquer lugar, combinando o cotidiano do livro com o seu próprio haha (só não pode se afogar na cerveja, galera). E também só tenho elogios para essa tradução que não economizou nos xingamentos e expressões coloquiais que marcam a escrita de Henry Chinaski.

A leitura é rápida, tanto por conta do número de páginas, por conta da fonte, pelo tamanho do livro e, claro, pela simplicidade da narrativa. Posso dizer que Bukowski é uma ótima leitura de ressaca literária! Depois de ler aquele livro enorme e complexo, sentar para ouvir a  vida desregrada de um quase alcoólatra no ápice dos seus 30 anos é uma ótima pedida.

Nota final! 
>3.5 limõezinhos

Resenha por: Pedro Meireles

Comentários

  1. Aguardando também a resenhas dos demais livros! rs... dando trabalho né!! Vou ficar com o limite do cartão prejudicado depois deste Blog! hahha

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    Respostas
    1. Tem que dar trabalho mesmo, Evandro! kkkk, esperamos que as leituras valham a pena estourar o limite do cartão haha. E pode deixar que tem mais resenha boa vindo por aí :)

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