Resenha! Tartarugas até lá embaixo - John Green
Ficha técnica
Livro: Tartarugas até lá embaixo
Autor: Johm Green
Número de páginas: 283
Editora: Intrínseca
Edição: Brochura
Acho que é bem importante ressaltar que eu sempre tive uma espécie de receio em ler qualquer tipo de leitura que provinha do gênero YA, mas isso é desde sempre. Já me aventurei com algumas histórias pontuais, como Eleanor & Park e Diário de uma paixão (Do Sparks e da Rainbow Rowell, respectivamente), mas nunca havia lido o grande patrono YA do século XXI, e devo dizer que me surpreendi positivamente! Então, antes de tudo, acho que vale explicar mais ou menos como se passa a história! Aviso para os desavisados! O Post terá spoilers!
A história começa de maneira aparentemente tranquila: a história é contada na visão de Aza Holmes, uma adolescente que sofre com alguns problemas psicológicos, como ansiedade e paranoia. Ela estuda em uma escola normal e tem uma amiga viciada em escrever fanfics de Star Wars e passa a maior parte do tempo com ela. Os grandes desafios diários de Aza é conviver de maneira saudável com a sua ansiedade, de modo que ela consiga escapar daquilo que chama de "espirais de pensamento", que é quando alguns pensamentos meio parasitas começam a invadir a mente dela e contaminam quase qualquer situação cotidiana com algum pensamento paranoico (são incursões bem comuns durante a narrativa da Aza, então prepare-se, porque para quem não tem o costume, pode ser que incomode um pouco). Acho que os mais comuns são acerca da bactéria que ela basicamente morre de medo (C. diff é a protagonista desses pensamentos). E aí é que entra a bomba da história: Aparece nos jornais que um certo milionário da cidade desapareceu, e ele não é ninguém menos que o pai de um amigo de infância da Aza. O ponto é que deixaram uma recompensa absurdamente grande para quem quer que conseguisse achá-lo. Acho que a partir daí dá pra entender para onde vai o enredo, né?
Acho que a partir daqui começam os spoilers!
Não tenho muitas críticas a fazer ao estilo de construção narrativa de John Green: leve, consideravelmente fluido e escrito de acordo com o público alvo. Nada de palavras enormes e difíceis, sem diálogos absurdamente longos e complexos ao estilo de Victor Hugo e Dostoiévski (não estava esperando algo do tipo, mas acho que vale criar essas comparações). John Green funciona muito bem como escritor contemporâneo para um público jovem e em descoberta com a leitura. A estrutura narrativa é bem interessante, diga-se de passagem, porque ele consegue muito bem mesclar todo o sentimento externo que a Aza sente quando suas crises começam com o que se passa dentro dela. Parece que a agonia é palpável e conseguimos senti-la com clareza a abstenção do plano material pro plano intraAza. Admito que é uma sensação interessante de imersão tentar fazer isso.
O plano social de Aza também é bem construído: ela mora com a mãe, basicamente só tem uma amiga com quem conversa o tempo todo e é nisso que se resume. Mas as relações com as duas personagens, e depois com o menino Pickett, são elaboradas de um jeito compreensível e bem fidedigno com a personalidade da Aza: a mãe é completamente super protetora e tem medo do que pode acontecer se a filha sair por aí pelo mundo; mas vale ressaltar que ela não é extremamente chata e proibitiva, mas só extremamente preocupada. As conversas entre elas costumam se resumir em "Você está bem?" e algum grunhido ou, às vezes, uma conversa um pouco mais extensa sobre alguma coisa que nossa protagonista passa. Eu achei uma relação bem fofa, sendo sincero. Não passa aquela sensação de "forçação de barra" que costuma existir em romances do tipo (e olha que não estou falando do par amoroso em questão). A relação com a Daisy e com o Davis foi estabelecida do jeito certo, apesar da primeira ter finalizado do jeito errado.
Daisy é a típica amiga que parece que só mantém a amizade para se sentir melhor. Em muitos momentos ela menospreza a Aza e, pasmem, ela tem uma personagem que descreve como "um fardo inútil" que é uma personificação da amiga nas suas fanfics. A relação delas é até fofa no início, mas depois que ela começa a namorar e as duas brigam (palmas para o capítulo do hospital, porque a sensação de claustrofobia e vontade de sair correndo do lugar foram feitas magistralmente), o fim que é dado é um desenlace frouxo e sem nexo algum. Holmes discute com ela e simplesmente diz tudo o que ela achava (que na real é basicamente tudo verdade) e no fim parece que a nossa protagonista se conforma, aceita que ela é realmente tudo isso e as duas voltam ao estágio do início do livro. Uau, belo desenvolvimento, John Green.
Agora, não tenho muita coisa a dizer sobre o Davis. A construção inicial dele se mantém bem no livro: o menino edgy, diferente e que sofre com a perda. Só que o jeito como o livro mostra isso torna cansativo. Os trechos que ele escrevia no blog eram bons, mas excessivamente melodramáticos para se repetirem tanto quanto foi feito no livro. No final fiquei feliz pelos dois terem tomados rumos diferentes. Sem contar no clichê que seria dos "dois amigos de infância que se encontram por algum motivo externo depois de muito tempo e percebem o amor que sentiam antes voltando à tona" e etc.
Apesar da implicância com esses dois pontos específicos da história, gostei bastante do final do livro, e do ponto final que ele coloca na maioria das questões (só faltou um na amizade tóxica com a Daisy). A morte do Pickett pai já era esperada, mas não do jeito que foi apresentada, o que é um ponto consideravelmente positivo. A relação com a mãe não tem nenhum ponto a ser criticado (na verdade, apenas valorizada) durante o enredo. Uma história boa, num geral, desenvolvida do jeito certo e sem exagerar muito em um tom que não deveria, já que a história é meio que uma mistura de romance com comédia com investigação. Nenhum dos três pontos teve mais destaque que os outros, o que me deixou bem feliz, e que também fez a história se manter no eixo de uma aventura adolescente do início ao fim. Acho que dentro do gênero, é uma história que vale ser lida!
Nota final:
A história começa de maneira aparentemente tranquila: a história é contada na visão de Aza Holmes, uma adolescente que sofre com alguns problemas psicológicos, como ansiedade e paranoia. Ela estuda em uma escola normal e tem uma amiga viciada em escrever fanfics de Star Wars e passa a maior parte do tempo com ela. Os grandes desafios diários de Aza é conviver de maneira saudável com a sua ansiedade, de modo que ela consiga escapar daquilo que chama de "espirais de pensamento", que é quando alguns pensamentos meio parasitas começam a invadir a mente dela e contaminam quase qualquer situação cotidiana com algum pensamento paranoico (são incursões bem comuns durante a narrativa da Aza, então prepare-se, porque para quem não tem o costume, pode ser que incomode um pouco). Acho que os mais comuns são acerca da bactéria que ela basicamente morre de medo (C. diff é a protagonista desses pensamentos). E aí é que entra a bomba da história: Aparece nos jornais que um certo milionário da cidade desapareceu, e ele não é ninguém menos que o pai de um amigo de infância da Aza. O ponto é que deixaram uma recompensa absurdamente grande para quem quer que conseguisse achá-lo. Acho que a partir daí dá pra entender para onde vai o enredo, né?
Acho que a partir daqui começam os spoilers!
Não tenho muitas críticas a fazer ao estilo de construção narrativa de John Green: leve, consideravelmente fluido e escrito de acordo com o público alvo. Nada de palavras enormes e difíceis, sem diálogos absurdamente longos e complexos ao estilo de Victor Hugo e Dostoiévski (não estava esperando algo do tipo, mas acho que vale criar essas comparações). John Green funciona muito bem como escritor contemporâneo para um público jovem e em descoberta com a leitura. A estrutura narrativa é bem interessante, diga-se de passagem, porque ele consegue muito bem mesclar todo o sentimento externo que a Aza sente quando suas crises começam com o que se passa dentro dela. Parece que a agonia é palpável e conseguimos senti-la com clareza a abstenção do plano material pro plano intraAza. Admito que é uma sensação interessante de imersão tentar fazer isso.
O plano social de Aza também é bem construído: ela mora com a mãe, basicamente só tem uma amiga com quem conversa o tempo todo e é nisso que se resume. Mas as relações com as duas personagens, e depois com o menino Pickett, são elaboradas de um jeito compreensível e bem fidedigno com a personalidade da Aza: a mãe é completamente super protetora e tem medo do que pode acontecer se a filha sair por aí pelo mundo; mas vale ressaltar que ela não é extremamente chata e proibitiva, mas só extremamente preocupada. As conversas entre elas costumam se resumir em "Você está bem?" e algum grunhido ou, às vezes, uma conversa um pouco mais extensa sobre alguma coisa que nossa protagonista passa. Eu achei uma relação bem fofa, sendo sincero. Não passa aquela sensação de "forçação de barra" que costuma existir em romances do tipo (e olha que não estou falando do par amoroso em questão). A relação com a Daisy e com o Davis foi estabelecida do jeito certo, apesar da primeira ter finalizado do jeito errado.
Daisy é a típica amiga que parece que só mantém a amizade para se sentir melhor. Em muitos momentos ela menospreza a Aza e, pasmem, ela tem uma personagem que descreve como "um fardo inútil" que é uma personificação da amiga nas suas fanfics. A relação delas é até fofa no início, mas depois que ela começa a namorar e as duas brigam (palmas para o capítulo do hospital, porque a sensação de claustrofobia e vontade de sair correndo do lugar foram feitas magistralmente), o fim que é dado é um desenlace frouxo e sem nexo algum. Holmes discute com ela e simplesmente diz tudo o que ela achava (que na real é basicamente tudo verdade) e no fim parece que a nossa protagonista se conforma, aceita que ela é realmente tudo isso e as duas voltam ao estágio do início do livro. Uau, belo desenvolvimento, John Green.
Agora, não tenho muita coisa a dizer sobre o Davis. A construção inicial dele se mantém bem no livro: o menino edgy, diferente e que sofre com a perda. Só que o jeito como o livro mostra isso torna cansativo. Os trechos que ele escrevia no blog eram bons, mas excessivamente melodramáticos para se repetirem tanto quanto foi feito no livro. No final fiquei feliz pelos dois terem tomados rumos diferentes. Sem contar no clichê que seria dos "dois amigos de infância que se encontram por algum motivo externo depois de muito tempo e percebem o amor que sentiam antes voltando à tona" e etc.
Apesar da implicância com esses dois pontos específicos da história, gostei bastante do final do livro, e do ponto final que ele coloca na maioria das questões (só faltou um na amizade tóxica com a Daisy). A morte do Pickett pai já era esperada, mas não do jeito que foi apresentada, o que é um ponto consideravelmente positivo. A relação com a mãe não tem nenhum ponto a ser criticado (na verdade, apenas valorizada) durante o enredo. Uma história boa, num geral, desenvolvida do jeito certo e sem exagerar muito em um tom que não deveria, já que a história é meio que uma mistura de romance com comédia com investigação. Nenhum dos três pontos teve mais destaque que os outros, o que me deixou bem feliz, e que também fez a história se manter no eixo de uma aventura adolescente do início ao fim. Acho que dentro do gênero, é uma história que vale ser lida!
Nota final:
- 3,5 limõezinhos
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